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Esquizofrenia


A esquizofrenia é uma doença que afecta o cérebro. As pessoas que sofrem desta doença pensam, sentem e comportam-se de forma não habitual. Atinge tanto homens como mulheres, tanto jovens como idosos. Os sintomas da esquizofrenia podem afligir o doente, bem como os seus familiares e amigos.

Contudo, mediante tratamento e apoio adequados, os sintomas podem ser controlados, possibilitando às pessoas que sofrem de esquizofrenia ter uma vida mais independente.

A esquizofrenia é muitas vezes mal compreendida. As pessoas que sofrem de esquizofrenia não têm duas personalidades, como acontece noutras perturbações ou síndromas. Os doentes com esquizofrenia não constituem necessariamente um perigo para os outros.

A esquizofrenia é uma doença frequente?

A esquizofrenia é uma das perturbações psiquiátricas mais frequentes.

A esquizofrenia afecta cerca de uma em cada cem pessoas, ou um por cento da população, em dada altura da sua vida [Nadeem Z et al. Evid Based Ment Health2004; 7: 2-3].

Segundo a Organização Mundial de Saúde, cerca de 24 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de esquizofrenia.

A prevalência da esquizofrenia é semelhante em homens e mulheres, embora possa afectar as pessoas de variados modos. Os homens tendem a evidenciar esta patologia mais cedo, entre os 15 e os 20 anos de idade, ao passo que nas mulheres os sintomas só se manifestam mais tarde – geralmente entre os 20 e os 25 anos de idade [Merck Manual of Medical Information, Edited by Beers MH. 2000].

Sintomas da esquizofrenia

Existem três tipos principais de sintomas:

  1. Os sintomas positivos ocorrem quando se perde a noção da realidade. Estes sintomas sobrepõem-se ao padrão normal de raciocínio ou sentimentos.
  2. Os sintomas negativos caracterizam-se por indiferença emocional e isolamento social e levam a diminuição ou perda dos comportamentos habituais.
  3. Os sintomas cognitivos estão associados a problemas de memória e de raciocínio.

[Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 4th Edition, Text Revision (DSM-IV-TR). American Psychiatric Association. 2000.]

Sintomas positivos

Quando o doente apresenta sintomas positivos, é incapaz de separar a realidade da fantasia. A esta ocorrência dá-se o nome de ‘episódio psicótico’. Existem três tipos de sintomas positivos:

  1. Os delírios são crenças falsas, que, geralmente, implicam uma má interpretação das percepções ou das experiências (não se enquadram no contexto social ou cultural), por exemplo, sintomas de tipo paranóide, em que o doente sente um medo infundado de algo; mania da perseguição, em que o doente acredita que está a ser perseguido; ou mania das grandezas, em que o doente acredita ter poderes ou capacidades especiais.
  2. As alucinações são algo que se vê, se sente, se cheira ou se saboreia mas que não é real. Por exemplo, o doente pode ouvir vozes quando ninguém está a falar ou ver algo que ninguém consegue ver. As alucinações auditivas (ouvir vozes) são de longe as mais frequentes na esquizofrenia.
  3. O pensamento e o comportamento desorganizados abrangem, por exemplo, o discurso desorganizado e desconexo, as mudanças súbitas de assunto ou um comportamento imprevisível e disparatado.

Sintomas negativos

Os sintomas negativos referem-se à falta de capacidades importantes, tais como:

  • Falta de emoções – não retirar o mesmo prazer das actividades habituais (encontrar-se com amigos, etc.) como anteriormente
  • Diminuição da afectividade – olhar sem expressão ou movimentos faciais menos vivos, tom de voz monótono (sem entoação e variação) ou movimentos lentificados
  • Falta de energia – estar sentado(a) todo o dia ou dormir muito mais do que o normal
  • Falta de interesse pela vida, falta de motivação
  • Capacidades sociais pouco adequadas ou falta de interesse ou capacidade para socializar com as outras pessoas
  • Não conseguir fazer ou manter amigos, ou não se interessar em ter amigos • Isolamento social – passar a maior parte do dia sozinho(a) ou somente com os familiares próximos
  • Ter dificuldade ou não conseguir falar

Sintomas cognitivos

Os sintomas cognitivos manifestam-se ao nível da memória e do raciocínio. Exemplos:

  • Raciocínio desorganizado
  • Raciocínio lento
  • Dificuldade de compreensão
  • Dificuldade de concentração
  • Falta de memória
  • Dificuldade em exprimir os sentimentos

Perspectiva do doente

Chamo-me Sofia e sofro de esquizofrenia. A minha doença dificulta muito a minha vida e causa-me bastante ansiedade. Apercebi-me de que algo estava errado por volta dos vinte anos. Uma noite, depois do trabalho, estava a conduzir para casa quando comecei a achar que alguns condutores me seguiam e que podiam ler os meus pensamentos. Quis parar, mas achei que era demasiado perigoso. Comecei a ouvir vozes que me diziam para continuar a conduzir depois de passar a minha casa para que os perseguidores não ficassem a saber onde vivia. Ouço estas vozes regularmente.

Os sintomas foram-se agravando gradualmente. Acabei por ir parar ao hospital e tive que deixar o meu emprego. Não conseguia pensar direito e as pessoas não pareciam compreender-me quando tentava explicar o que se passava com as vozes e outras coisas estranhas e assustadoras que estava a sentir.

Carlos, um amigo da família, afogou-se há dois meses num acidente de barco. Apesar de ter boas recordações do Carlos, senti um “branco” durante o seu funeral. Era estranho olhar para as pessoas que ali estavam e que se sentiam tão tristes e eu sem sentir nada. Um dos médicos do hospital onde me foi diagnosticada a esquizofrenia queria saber informações sobre uma tia minha, que me disseram sofrer de uma doença semelhante. Foi-me prescrita medicação para a minha doença, que ainda hoje tomo diariamente.

Perspectiva do cuidador

O meu filho Roberto foi diagnosticado recentemente com esquizofrenia. De início foi um choque, mas pelo menos percebemos finalmente o motivo da mudança de comportamento do Roberto.

O Roberto começou a isolar-se quando estava a preparar-se para mudar para a universidade. A música tinha sido sempre a sua paixão, mas já não parecia interessar-lhe. Passava a maior parte do tempo sentado numa cadeira a olhar para a janela. Recusava-se a sair com os amigos ao fim-de-semana.

O que ele dizia não fazia muito sentido. Começou a esquecer-se de coisas elementares, como dar comida ao cão ou onde tinha deixado a bicicleta. Passava dias a fio com a mesma roupa!

Pouco depois, começou a ter alucinações. Queixava-se de ouvir vozes dentro da cabeça que falavam com ele. Falava de uma conspiração contra ele e até nos acusou de fazer parte dela. A família estava toda sob tensão. Por fim, conseguimos convencer o Roberto a falar com um médico sobre o que estava a sentir. Presentemente, o Roberto toma a sua medicação diariamente para controlar a doença.

Causas da esquizofrenia

Embora se desconheça a causa exacta da esquizofrenia, a maioria dos especialistas concorda que na sua origem está uma base biológica (ou genética) e o meio ambiente a que estamos expostos.

Pensa-se que o risco de desenvolver esquizofrenia pode aumentar devido a problemas de desenvolvimento cerebral à nascença, durante a gravidez ou na infância, causados por factores genéticos ou ambientais.

Mais tarde, os factores ambientais podem causar mais danos no cérebro e aumentar novamente esse risco ou desencadear os primeiros sintomas de esquizofrenia.

Genética

A genética parece contribuir fortemente para o desenvolvimento da esquizofrenia, dada a sua componente hereditária. As pessoas que têm um familiar próximo com esquizofrenia ou outra doença psiquiátrica, como depressão ou doença bipolar, apresentam maior probabilidade de desenvolver esquizofrenia do que a população em geral. Mas a genética não é tudo – se um gémeo idêntico tiver esquizofrenia, a probabilidade de o outro gémeo também ter é de cinquenta por cento, embora tenham os mesmos genes [Turner T. BMJ 1997; 315: 108-111].

Química

A esquizofrenia pode dever-se a um desequilíbrio, para mais ou para menos, de certos químicos denominados neurotransmissores no cérebro, por exemplo – dopamina ou serotonina. O cérebro é constituído por muitas células cerebrais, ou neurónios. Os neurotransmissores transportam sinais ou mensagens de uma célula cerebral para outra. Para que o cérebro funcione adequadamente, as mensagens têm de ser enviadas rapidamente. Assim, o excesso ou a falta de neurotransmissores podem causar problemas.

Meio ambiente

Um nascimento traumático, em que o bebé tenha tido falta de oxigénio, ou complicações durante a gravidez, como uma infecção viral, podem aumentar o risco de desenvolver esquizofrenia. Outros factores ambientais como o stress, mudar de casa, perder o emprego ou o abuso de substâncias químicas podem desencadear os primeiros sintomas de esquizofrenia. O uso de drogas, em particular os alucinogénios (ácidos, LSD) e o cannabis, parecem ser, também, factores de risco para a esquizofrenia.

Identificar a esquizofrenia

Não existe nenhum exame físico ou laboratorial para determinar se sofre de esquizofrenia. A identificação ou o diagnóstico da esquizofrenia levam a que, na maioria dos casos, o psiquiatra deva ter em conta diversos factores:

  • História familiar – existência de familiares com esquizofrenia ou outras doenças mentais, como depressão ou doença bipolar, também conhecida como depressão maníaca.
  • História médica -sintomas actuais ou anteriores.
  • Exame objectivo – exame feito pelo médico para garantir que os seus sintomas não se devem a outra doença ou perturbação.
  • Conjunto habitual de perguntas ou critérios destinados a identificar a esquizofrenia.

Requisitos do diagnóstico

Para se obter o diagnóstico de esquizofrenia, devem existir sintomas que interferem com as actividades diárias há pelo menos seis meses, bem como dois ou mais sintomas-chave durante um mês – por exemplo, sintomas positivos como delírios, alucinações, discurso ou comportamento desorganizados, ou sintomas negativos como falta de emoções [Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 4th Edition, Text Revision (DSM-IV-TR). American Psychiatric Association. 2000].

O diagnóstico da esquizofrenia pode ser difícil, dado que os seus sintomas podem assemelhar-se aos de outras doenças psiquiátricas.

Muitas pessoas com esquizofrenia sofrem de paranóia ou não acreditam que algo está errado, e como tal, não querem ir ao médico.

Por outro lado, os sintomas podem só ser reconhecidos ou identificados quando a doença atinge uma fase mais avançada. É muito importante consultar o médico o mais rapidamente possível, uma vez que o controlo da doença está sempre ligado à precocidade do diagnóstico. [Perkins DO et al. Am J Psychiatry 2005; 162: 1785-804].

Primeiro episódio psicótico

A esquizofrenia pode desenvolver-se muito lentamente, de tal forma que a própria pessoa ou os seus familiares e amigos não se apercebem da situação durante bastante tempo, ou pode evoluir muito rapidamente, originando uma grande mudança comportamental ao longo de poucas semanas.

Em geral, as pessoas são diagnosticadas com esquizofrenia pela primeira vez porque sofreram um episódio psicótico, com sintomas positivos como delírios e alucinações, em que perderam a noção da realidade. Se a sintomatologia for acentuada, pode levar ao internamento.

Fases da esquizofrenia

A esquizofrenia tem três fases, a Fase Aguda, a Fase de Estabilização e a Fase Estável.

Durante a Fase Aguda, manifestam-se sintomas positivos graves. Os sintomas negativos podem também agravar-se. Pode ser necessário um tratamento intensivo e, por vezes, internamento.

À medida que os sintomas positivos diminuem, inicia-se a Fase de Estabilização, que se pode manter durante seis meses ou mais após o início do episódio agudo.

Durante a Fase Estável, os sintomas tendem a estabilizar ou até a desaparecer completamente. Alguns doentes apresentam pouca sintomatologia, ao passo que outros podem manifestar tensão, ansiedade, depressão ou insónia.

Evolução da esquizofrenia

A esquizofrenia afecta as pessoas de variadas formas. Muito poucas pessoas têm apenas um episódio de esquizofrenia e depois recuperam totalmente. A maioria tem uma evolução crónica:

  • Cerca de dois terços dos doentes apresentam um novo episódio psicótico, ou recidiva (retorno dos sinais e sintomas após um período de melhoria), ao fim de cinco ou sete anos após o primeiro episódio [Wiesman D. Schizophr Bull 1998; 24: 75-85].
  • Algumas pessoas terão períodos com poucos ou nenhuns sintomas, seguidos de novo agravamento da sintomatologia.
  • Outras apresentam sintomas durante toda a vida.

Tratamento da esquizofrenia

Embora não haja cura para esquizofrenia, existem alguns tratamentos eficazes para o seu controlo.

O tratamento pode controlar os sintomas e fazer com que os doentes se sintam melhor e consigam socializar com familiares e amigos, ou inclusivamente regressar ao trabalho ou à escola.

A esquizofrenia pode ser tratada mediante: Medicamentos ou combinação de medicamentos e psicoterapia.

Medicamentos

Os medicamentos usados para tratar a esquizofrenia denominam-se antipsicóticos. Na maioria dos casos, através de medicação adequada é possível controlar a sintomatologia [Turner T. BMJ 1997; 315: 108-111]. Contudo, pode ser necessário experimentar mais do que um medicamento até se determinar qual o melhor para si. Podem passar-se 10 a 14 dias até que os sintomas comecem a responder ao tratamento. Mesmo quando os sintomas já diminuíram, é necessário continuar a tomar a medicação para reduzir o risco de recidiva.

Os antipsicóticos bloqueiam a acção de determinados químicos, ou neurotransmissores, no cérebro, reduzindo, assim, os efeitos causados pela libertação excessiva destes químicos. Aparentemente, o reajuste do desequilíbrio destes químicos desempenha um papel crucial no tratamento da esquizofrenia.

Os antipsicóticos tradicionais, ou típicos, são eficazes na redução dos sintomas positivos, embora a sua eficácia seja reduzida no controlo dos sintomas negativos.

Os antipsicóticos novos, ou atípicos, controlam os sintomas positivos e melhoram os sintomas negativos e cognitivos. Os seus efeitos secundários são também diferentes dos observados com antipsicóticos típicos. Em caso de dúvidas ou perguntas não hesite em falar com o seu médico.

Alguns efeitos secundários dos antipsicóticos atípicos

Os diferentes antipsicóticos atípicos podem causar alguns dos seguintes efeitos secundários:

  • movimentos involuntários – espasmos ou contracções musculares
  • ansiedade grave
  • obstipação
  • tonturas
  • secura de boca
  • aumento de peso
  • sonolência

A maioria dos efeitos secundários pode ser controlada reduzindo a dose ou mediante a toma de outros medicamentos. Se manifestar efeitos secundários, deve falar com o seu médico ou psiquiatra que lhe pode prescrever outros medicamentos para tratar alguns sintomas da esquizofrenia, por exemplo, antidepressivos para tratar a depressão ou o humor, e benzodiazepinas para tratar a ansiedade.

Psicoterapia

A psicoterapia pode ser acompanhada com medicamentos que ajudam a controlar os sintomas da esquizofrenia e a reduzir o risco de recidiva [Haddock G, Lewis S. Schizophr Bull 2005; 31: 697–704].O tratamento pode implicar psicoterapia individual, grupos de apoio, terapia familiar, psicoterapia cognitiva-comportamental ou treino de capacidades sociais ou vocacionais.

Na psicoterapia individual, o doente fala com o psiquiatra ou o psicólogo sobre os seus problemas actuais ou passados, as suas sensações, emoções ou relações.

Os grupos de apoio promovem o apoio mútuo entre pessoas que se encontram na sua situação. Nestes grupos também se podem praticar as capacidades sociais.

Na terapia familiar os cuidados são prestados pela família. O esclarecimento aos familiares ajuda-os a compreender a esquizofrenia e os problemas associados a esta patologia. O cuidador pode aprender formas de minimizar o risco de recidiva e estratégias de confronto para lidar com o familiar doente de forma mais eficaz. A psicoterapia cognitiva-comportamental (TCC) é um tipo de terapia que pode ajudar o doente a deixar de ter pensamentos negativos e passar a ter pensamentos mais positivos. A TCC pode ser útil para o doente aprender a lidar com o stress, a ansiedade, a depressão e as perturbações de pânico. O treino de capacidades sociais e vocacionais pode ser de grande ajuda no regresso ao trabalho ou à escola e para que o doente cuide de si próprio.

Tomar a medicação

Tomar a medicação conforme recomendado é fundamental para a sua recuperação e para a manutenção do seu bem-estar. Algumas pessoas deixam de tomar a medicação porque não acreditam que estão doentes, ou porque os seus sintomas melhoraram e consideram que não precisam de mais tratamento. Outras pessoas deixam de tomar a medicação devido aos desagradáveis efeitos secundários. É fundamental falar com o seu psiquiatra sobre a ocorrência de quaisquer efeitos secundários. Muitos efeitos secundários podem ser tratados com outros medicamentos, reduzindo a dose do medicamento que o doente está a tomar ou mediante outras opções terapêuticas.

Não deixe de tomar a medicação sem antes consultar o seu médico. Muitas pessoas precisam de tomar a medicação durante períodos extensos para impedir que os sintomas voltem – recidiva.

Reconhecer os sinais precoces

Ao aprender a reconhecer os seus sinais precoces, poderá obter ajuda médica assim que possível, o que contribuirá seguramente para a sua recuperação. Exemplos de sinais precoces:

  • passar muito tempo sozinho(a) ou estar calado(a) na presença de outras pessoas;
  • as pessoas notarem que não muda de roupa ou que não sabe tomar conta de si ;
  • sentir dificuldades de concentração, perder o interesse pelas actividades escolares ou profissionais;
  • desconfiar das pessoas ou ouvir vozes baixas.

Tente evitar aquilo que o(a) faz sentir pior, como situações de stress, discussões com familiares ou amigos, ou o uso de estupefacientes ou álcool.

Algumas pessoas consomem substâncias ilícitas ou álcool para fugir aos sintomas. Contudo, o consumo de drogas ou álcool tende a agravar os sintomas.

Deve falar com o seu médico se estiver preocupado e falar abertamente com as pessoas em quem confia se achar que está novamente a piorar. Estas pessoas podem ajudá-lo(a) procurar apoio com maior rapidez.

Cuidar de si próprio

Pode cuidar de si próprio através de uma alimentação saudável e equilibrada. A prática regular de exercício físico liberta químicos no cérebro que o(a) podem acalmar e melhorar o seu humor. Tente não fumar – a nicotina dos cigarros pode afectar os antipsicóticos [Lyon ER. Psychiatr Serv 1999; 50: 1346–50]. Procure relaxar e fazer aquilo que habitualmente lhe dá prazer.

Alguns medicamentos usados no tratamento da esquizofrenia podem aumentar o apetite e, consequentemente, o peso. Através de uma alimentação equilibrada e a prática regular de exercício físico é possível controlar o aumento de peso.

Delinear um plano de actividades

Quando os seus sintomas se agravarem, poderá sentir dificuldade em tomar decisões sobre os cuidados de que necessita.

Juntamente com o seu psiquiatra ou cuidador, e quando se sentir bem, poderá ser de grande utilidade delinear um ‘plano de actividades’.

Este plano de actividades pode incluir:

  • Quem deve estar a par da sua doença, por exemplo, familiares ou amigos
  • Onde quer ser tratado(a) se necessitar de cuidados hospitalares • Que medicamentos quer ou não tomar.

O que deve perguntar ao seu médico?

Esperamos que tenha obtido resposta a muitas das suas perguntas sobre a esquizofrenia.

Lista de perguntas que pode querer colocar ao seu médico:

1 Qual é o melhor tratamento para mim?
2 Que efeitos secundários podem ocorrer com este medicamento?
3 De que forma me poderá ajudar a lidar com os efeitos secundários? 4 Necessito de continuar a tomar a medicação depois de melhorar?
5 O que devo fazer se achar que os meus sintomas voltaram?
6 Posso ser tratado(a) em casa, e não no hospital?
7 Há alguma coisa que eu possa fazer para evitar uma recidiva?
8 Que tipo de ajuda posso receber dos meus amigos e familiares para conseguir lidar com a minha esquizofrenia?
9 Existem algumas formas de apoio para os meus familiares?

Saiba mais sobre a esquizofrenia nestes sites:

A GAMIAN-Europe (Global Alliance of Mental Illness Advocacy Networks)é uma organização internacional, sem fins lucrativos, que abrange utilizadores e consumidores, familiares, profissionais de saúde, representantes de organismos e agências governamentais, para além de terceiros que apoiam ou estão interessados em questões que afectam as pessoas que sofrem de uma doença mental. http://www.gamian-europe.org/

Comunidade sem fins lucrativos que fornece informações, apoio e esclarecimentos relacionados com a esquizofrenia, uma perturbação cerebral. http://www.schizophrenia.com/

Associação Americana de Psicologia http://www.apa.org/

Associação Americana de Psiquiatria http://www.psych.org/

Fundação Nacional de Esquizofrenia http://www.nsfoundation.org/

National Schizophrenia Fellowship (RETHINK) http://www.rethink.org/

UK Mental Health Charity http://www.sane.org.uk/

Sites de Organizações de Apoio aos Doentes com Esquizofrenia http://members.aol.com/leonardjk/support.htm

Associação Europeia dos Familiares de Pessoas com Doenças Mentais http://www.eufami.org/

Perguntas frequentes

Perguntas frequentes acerca da esquizofrenia.

P: A esquizofrenia é uma doença frequente?

R: A esquizofrenia afecta cerca de 1% da população, em dada altura da sua vida.

P: Quais são os sintomas da esquizofrenia?

R: Os sintomas da esquizofrenia dividem-se em três tipos principais,designadamente:

  1. Sintomas positivos – delírios, alucinações, raciocínio desorganizado
  2. Sintomas negativos – falta de capacidades importantes, tais como dificuldade em demonstrar emoções ou incapacidade para socializar
  3. Sintomas cognitivos -problemas ao nível da memória e do raciocínio organizado

P: Quando se desenvolvem geralmente os sintomas?

R: Os homens tendem a mostrar sinais iniciais da patologia entre os 15 e os 20 anos de idade, ao passo que nas mulheres os sintomas só surgem mais tarde – geralmente entre os 20 e os 25 anos de idade.

P: A esquizofrenia é hereditária?

R: A genética parece contribuir fortemente para o desenvolvimento da esquizofrenia, dada a sua componente hereditária. Mas a genética não é tudo – se um gémeo idêntico tiver esquizofrenia, a probabilidade de o outro gémeo também ter é de 50%, embora tenham os mesmos genes.

P: Existem exames específicos para diagnosticar a esquizofrenia?

R: Não existe nenhum exame físico ou laboratorial para determinar se sofre de esquizofrenia. O diagnóstico da esquizofrenia envolve um psiquiatra que deverá ter em conta a história familiar, a história médica, o exame objectivo e um conjunto de perguntas/critérios para identificar esta doença.

P: Preciso de ficar hospitalizado(a)?

R: Durante a fase aguda ocorrem sintomas positivos graves. Os sintomas negativos podem também agravar-se. Pode ser necessário tratamento intensivo e, por vezes, internamento. Às vezes pode ser preciso internamento para esclarecimento diagnóstico, ou por outras razões que o seu médico considere apropriadas.

P: A esquizofrenia tem cura?

R: Embora não haja cura para esquizofrenia, existem alguns tratamentos eficazes para o seu controlo. A esquizofrenia pode ser tratada com medicamentos ou mediante uma combinação de medicamentos e psicoterapia.

P: Quais são as diferenças entre os antipsicóticos mais recentes, ou atípicos, e os antipsicóticos tradicionais?

R: Os antipsicóticos tradicionais, ou típicos, são eficazes na redução dos sintomas positivos, embora a sua eficácia seja menor no controlo dos sintomas negativos. Os antipsicóticos novos, ou atípicos, controlam os sintomas positivos e melhoram os sintomas negativos e cognitivos. Os seus efeitos secundários são também diferentes dos observados com antipsicóticos típicos. Em caso de dúvidas ou perguntas não hesite em falar com o seu médico.

P: O que posso fazer para controlar a doença?

R: Pode ajudar-se a si próprio se continuar a tomar a medicação conforme recomendado, se aprender a reconhecer os seus sinais precoces, se tomar conta da sua saúde e se elaborar um plano de actividades para que possa melhorar novamente.

P: Irei ter esquizofrenia para sempre?

R: A esquizofrenia afecta as pessoas de variadas formas. Um número reduzido de pessoas têm um episódio de esquizofrenia e depois recuperam completamente. Outras pessoas, porém, manifestam sintomas durante toda a vida.