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Ansiedade


A ansiedade é um sentimento humano normal, todos nós sentimos ansiedade quando confrontados com situações que achamos ameaçadoras ou difíceis. Este sentimento desaparece quando nos habituamos à situação, quando ela muda ou quando a abandonamos.

A ansiedade assemelha-se ao medo. Quando é provocada por problemas da vida que não podemos resolver (ex. problemas financeiros) chamamos-lhe preocupação, quando é uma reacção a um perigo imediato (ex. ser confrontado com um cão enraivecido) chamamos-lhe medo.
Embora estes sentimentos sejam desagradáveis, eles têm um objectivo. A preocupação, o medo e a ansiedade podem ser úteis:

  • Psicologicamente – mantêm-nos alerta e motivam-nos para planear e lidar com os problemas.
  • Fisicamente – preparam o nosso corpo para um exercício exigente e repentino, para fugir do perigo ou enfrentá-lo.

Apesar de úteis, estes sentimentos podem ser um problema quando se tornam demasiado fortes ou persistentes, em situações em que não são necessários. Eles fazem com que se sinta desconfortável, impedem-no de fazer as coisas que quer e precisa fazer, levando-o a viver permanentemente angustiado.

O que são as perturbações de ansiedade?

As perturbações de ansiedade constituem um problema de saúde. Entre estas perturbações podemos encontrar a perturbação da ansiedade generalizada, perturbação obsessivo-compulsiva, perturbação da ansiedade social, perturbação de pânico e as fobias. A dificuldade comum a todas estas perturbações é a ansiedade extrema que interfere no funcionamento diário da pessoa.
Neste segmento não será referida a perturbação obsessivo-compulsiva, que pela sua especificidade será tratada noutra secção – Perturbação obsessivo-compulsiva.

Perturbação da ansiedade generalizada

Esta perturbação caracteriza-se por um sentimento de ansiedade permanente, ao contrário da ansiedade comum que emerge apenas em situações específicas, em que é necessária.
Quando a ansiedade é tão frequente e em níveis elevados é comum que desenvolvam ataques de pânico ou fobias.

Ataques de pânico

Aos episódios repentinos e intensos de ansiedade chamamos de pânico, normalmente estes episódios levam a que a pessoa tenha que sair rapidamente da situação em que se encontra.
Nesta perturbação a ansiedade encontra-se frequentemente associada a situações relativamente às quais já imaginava que iriam causar-lhe ansiedade. Os sintomas podem aparecer de forma repentina e em menos de 10 minutos atingir o pico máximo. Quando tal acontece alguns sintomas típicos aparecem:

  • medo de morrer
  • medo de ficar louco ou de perder o controlo
  • falta de ar
  • dor no peito
  • tonturas
  • sensação de choque

Estes episódios podem ser tão violentos, que poderá levar a pessoa a pensar que vai morrer, no entanto, de todas as pessoas que se queixam de falta de ar e dor no peito, cerca de um quarto não têm problemas cardíacos mas tiveram um ataque de pânico.

Embora os sintomas desta perturbação sejam muito semelhantes aos da ansiedade generalizada, estes são muito mais intensos, não são permanentes (vão e vêm) e necessitam de um tratamento diferente.

Fobia

A fobia caracteriza-se por medo de uma situação ou de alguma coisa, que normalmente, não constitui perigo e à qual à maioria das pessoas não causa problemas. A proximidade à situação ou à tal coisa faz com que a pessoa se torne ansiosa. Assim quanto maior ansiedade maior é o evitamento. Quando a pessoas de encontra afastada do elemento que causa ansiedade, esta sente-se bem.

Algumas das fobias mais comuns são:

  • Agorofobia – medo de locais públicos de onde parece difícil sair/escapar (multidões, filas, autocarros ou pontes). Este tipo de fobia pode impedir a pessoa de sair de casa.
  • Fobia social – medo de estar com outras pessoas. As pessoas preocupa-se com o que os outros pensam e vive com medo de que se envergonhar. Isto pode fazer com que seja difícil comer fora de casa, falar com outras pessoas, principalmente se é a primeira vez que passa por essa situação.
  • Fobias específicas – medo de aranhas, agulhas, alturas ou de voar…

Neste tipo de perturbação de ansiedade o problema está associado ao evitamento da situação ansiogénica, tal só vai aumentar a ansiedade à medida que o tempo passa. A vida das pessoas que têm fobias tende a ficar cada vez mais dominada pelo medo, o que as leva a tomar precauções para evitar aquilo que lhes causa medo.
Frequentemente, a pessoa percebe que não há um perigo real associado ao elemento que lhe causa ansiedade, no entanto não consegue controlar o medo que se encontra associado.
As fobias podem ter origem num acontecimento de vida traumático, por exemplo, ser atacado por um cão pode originar uma fobia de cães.

Quais são os sintomas mais comuns das perturbações de ansiedade?

A ansiedade manifesta-se, normalmente, do ponto de vista psicológico e físico. Alguns dos sintomas mais comuns que se encontram associados às perturbações da ansiedade encontram-se descritos no quadro seguinte:

As pessoas com ansiedade confundem frequentemente os sintomas típicos da ansiedade com os sintomas de uma doença física grave, esta confusão tende a aumentar a ansiedade e a piorar os sintomas.

As perturbações de ansiedade são frequentemente acompanhadas por outros problemas de saúde mental, senda a depressão é um dos mais comuns. A ansiedade provoca momentos de mal-estar e infelicidade que continuamente conduzem a pensamentos e sentimentos de falta de esperança num futuro melhor, traduzindo-se isto em depressão.

Causas da ansiedade


Genética

Actualmente a investigação científica sugere que algumas pessoas possam ter uma tendência para serem ansiosas devido à sua herança genética. No entanto, mesmo as pessoas que não são naturalmente ansiosas podem tornar-se ansiosas quando colocadas sob bastante pressão.

Trauma

Há casos em que o motivo da ansiedade é fácil de perceber e nesta situação quando o problema desaparece o mesmo acontece com a ansiedade. Existem, contudo, situações que são tão perturbadoras e ameaçadoras, que causam um tipo de ansiedade que pode continuar mesmo após o acontecimento traumático. Estas situações são normalmente situações que ameaçam a vida, como por exemplo, acidentes de carro, de comboio ou incêndios. As pessoas envolvidas podem sentir-se nervosas e ansiosas durante meses ou anos após o acontecimento, mesmo que não tenham ficado fisicamente magoadas. Este tipo de ansiedade enquadra-se naquilo a que chamamos actualmente de perturbação de stress pós-traumático.

Drogas

O consumo de drogas pode conduzir a estados ansiosos, a cafeína pode ser o suficiente para fazer com que algumas pessoas se sintam desconfortavelmente ansiosas, pelo mesmo motivo não se recomenda o consumo de anfetaminas, LSD ou exctasy.

Não compreender os sintomas

Quando os sintomas físicos da ansiedade se manifestam, algumas pessoas tendem a atribuí-los a doenças físicas perigosas e não à ansiedade. Este pensamento provoca um aumento da ansiedade, o que provoca o agravamento dos sintomas. Este tipo de pensamento desenvolve-se num ciclo vicioso, no qual quanto mais a pessoa se preocupa, piores se tornam os sintomas, fazendo aumentar ainda mais a ansiedade, como podemos ver na imagem que se segue.

Problemas de saúde mental
A existência de outros problemas de saúde mental podem fazer com que se sinta mais ansioso, por exemplo cerca de metade das pessoas com depressão têm ataques de pânico.

Problemas físicos
Algumas perturbações da ansiedade encontram-se relacionadas com problemas de saúde física. Alguns dos problemas físicos que podem estar associados à ansiedade são:

  • Doenças do coração
  • Diabetes
  • Problemas da tiróide
  • Asma
  • Abuso de drogas
  • Abstinência alcoólica
  • Alguns tumores
  • Espasmos ou cãibras musculares

A ansiedade associada a problemas físicos é mais comum nas seguintes situações:

  • Sintomas tiveram início após 35 anos de idade
  • Não tem nenhum familiar com perturbação da ansiedade
  • Não teve nenhuma perturbação de ansiedade na infância
  • Não evita determinadas coisas ou situações devido à ansiedade
  • Não ocorreram situações de vida que desencadearam a ansiedade
  • A medicação que toma para a ansiedade não alivia os sintomas

Embora exista um vasto conhecimento acerca das causas da ansiedade, há situações em que estas causas podem não ser claras, tal acontece quando não há uma única causa mas sim a influência de diversos elementos, como a personalidade, acontecimentos de vida ou grandes mudanças na vida.

Prevalência das perturbações de ansiedade

Estima-se que cerca de 1 em cada 10 pessoas, em algum momento da sua vida, será afectado por perturbações de ansiedade, destes a maioria não irá procurar ajuda para o seu problema. Actualmente sabe-se, que as mulheres podem ser mais afectadas que os homens por este tipo de perturbação, da mesma forma, traumas na infância, ter uma doença crónica, ter familiares com perturbações de ansiedade e o abuso de substância podem constituir factores de risco.

Quando estamos sujeitos a muita pressão, podemos sentir ansiedade e receio, no entanto, normalmente, conseguimos lidar com estes sentimentos porque conseguimos identificar as causas e sabemos quando é que a situação vai acabar. Por exemplo, muitas pessoas sentem-se ansiosas antes de fazer um exame de condução, mas conseguem lidar com essa ansiedade pois sabem que os sentimentos e sintomas vão desaparecer assim que o exame acabar.
No entanto, há outras pessoas que constantemente têm estes sentimentos e sintomas, sem saber o que os causa e sem saber quando é que vão desaparecer, tornando muito mais difícil lidar com esta situação, quando tal acontece deverá procurar ajuda. No entanto, algumas pessoas que sofrem com as perturbações de ansiedade não querem pedir ajuda, pois receiam o que os outros poderão pensar.

As perturbações de ansiedade têm tratamento e a procura atempada de ajuda pode evitar um sofrimento maior.